Oiii

Tudo o que me fazes sentir é tão estranho. É único, és única. O tempo passou, tudo se alterou, menos tu. Quer dizer, mudaste, e mudaste muito, 360 graus completos. Mas eu fiquei-me por 180. Fiquei virado ao contrário, como aquelas tartarugas. E tal como elas, não me consigo meter direito. Sei que isto é completamente estúpido e bastante desnecessário mas eu preciso disto. Isto queima-me por dentro Débora. Quando me deixaste, eu ainda era tão criança, não sabia dar valor. Ainda bem que encontraste alguém que o faz, sinto-me feliz por ti. Mas não dá para ignorar, não dá para deixar. Não consigo deixar de pensar em ti, a toda a hora. Bebo para esquecer, só piora. Fumo para me alegrar, só piora. Faço 30 voltas no Universo para me distrair e mesmo assim, só piora. Não sou homem suficiente, não tenho forças nem coragem para te largar da mão. Saudades apertam, pensamentos voam, memórias entrelaçam-se umas nas outras, apertam-me o pescoço e tiram-me o ar todo dos pulmões. Adorava que as veias secassem mas nem para isso tenho fé. Falo contigo todas as noites, mesmo que não saibas. Escrevo-te, desenho-te, beijo-te, vejo-te, sofro. Não dá para explicar. Não consigo deixar de imaginar o que seria de mim, de ti, de nós. Cometi tantos erros, fiz tanta merda, é impossível não me sentir culpado. 21/04 Sofia, ainda te lembras? Lembras-te como vieste a correr pelas escadas, mala no chão, lembras-te? O nosso primeiro beijo. Estava tão feliz. Era tudo tão psicadélico e brilhante, tão mágico. Será que isso existiu mesmo? Era tão bom acordar agora, sentir toda esta pressão a sair dos meus ombros, sentir que tudo isto não passou do pior pesadelo possível. Tantas vezes que chorei, tantas vezes que me fui abaixo, tantas vezes que me magoei por causa disto, de ti. Não tens culpa de seres como és, não tens. Mas eu também não. Não tenho culpa de sentir que tudo isto foi forçado, foi feito para nós. Já disse as mesmas palavras, as mesmas promessas, as mesmas frases a tanta gente mas não