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Resenha sobre o Ente e a Essência de São
Tomás de Aquino - Lauro Guirlanda psiquiatra
O Ente e a Essência: o início do retorno a Aristóteles
“O Ente e a Essência” , opúsculo de São Tomás de Aquino
(Porto, Edições Contraponto, tradução de Mário Santiago de
Carvalho, 1995) foi escrito pelo santo quando ainda jovem.
Trata-se de um prelúdio à monumental obra de São Tomás
(1225 - 1274), o fundador do Tomismo na Teologia Católica, que se caracteriza pela retomada da obra de Aristóteles, sintetizando o pensamento aristotélico com a Bíblia.
Aristóteles é chamado por Tomás de “O Filósofo”.
A propósito, São Tomás é, pela grandeza de sua obra, citado por Jacques Lacan, psicanalista francês, em vários trechos de sua obra. É referido como um “Saint-Homme”, fazendo uma brincadeira com a pronúncia francesa do nome do santo (Saint Thomas) e com o conceito lacaniano de
“Sinthoma”. O “Sinthoma” se refere a um sintoma, a uma angústia, que através da análise psicológica e no final desta, se transforma em sinthoma, pois leva o sujeito a um novo saber sobre si mesmo e sobre o mundo.
Trata-se, assim, de uma longa e elaborada argumentação que, no fim das contas, quer provar a existência de Deus, além de pensar sobre a Sua natureza.

Argumentos

A argumentação inicia-se pela especulação sobre o ente, em que se prefere tomar o ente como o que se divide pelas dez categorias de Aristóteles (a saber: substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, estado, hábito, ação e paixão). A respeito da essência: é a definição de uma coisa, aquilo que ela é, ou o que faz com que uma coisa seja aquilo que é, ou então “forma” ou então “natureza”. Apenas pela definição é que algo se torna inteligível. “Essência diz que, por ela e nela, o ente recebe o ser.”
A essência própria e verdadeira se encontra nas substâncias, e apenas de certo modo, e relativamente, nos acidentes. Nas substâncias mais simples, a essência se encontra de uma maneira mais verdadeira e