Oe estoy aqui
Maria Francisca Pinheiro Coelho*
As biografias inserem-se em um gênero literário muito específico, no qual a arte de escrever e de atrair o leitor são essenciais. Não é de estranhar que escritores e jornalistas façam excelentes biografias. Em geral, a preocupação do acadêmico nesse campo extrapola o interesse pela história individual, visando focalizar a relação da singularidade de um indivíduo versus a sociedade. Nos atos individuais está presente a universalidade de uma estrutura social. É possível ler uma sociedade por meio de uma biografia; conhecer o social a partir da especificidade irredutível de uma vida individual.
A biografia quando inserida em um contexto histórico e compreendida a partir de certos referenciais analíticos, contribui para preservar a memória social e possui grande alcance explicativo nas Ciências Sociais. A história de alguém é sempre particular, única, pessoal e subjetiva, mas os homens constróem sua história no espaço das aparências, o que quer dizer, na sociedade, na interação com os outros. Agem em um mundo real e são condicionados por ele, em uma relação de co-determinação. Ao perceber as escolhas individuais, reações, singularidades, atribuição de sentido das ações, a abordagem biográfica enriquece a compreensão de um mundo social complexo. Somente a partir de muitos olhares, esse mundo pode ser percebido em sua diversidade, sem perder sua identidade, e a realidade manifestar-se de maneira real e fidedigna. A história de alguém é sempre particular, única, pessoal e subjetiva.
A biografia é a história de alguém contada por ele mesmo ou por outra pessoa. Quando o sujeito é o próprio objeto da narrativa existe uma identidade entre vida e história. Mas apesar de o sujeito e o objeto de estudo serem os mesmos, a narrativa é em si um ato de criação. Em qualquer outra situação, quando alguém conta a história de outra pessoa, o processo de elaboração é mais livre e