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De remota origem Francesa (século XII) iniciara-se com os mistérios e milagres, que consistiam na representação de breves quadros religiosos alusivos a cenas bíblicas e encenados em datas festivas, sobretudo no Natal e na Páscoa. Inicialmente falados em Latim, mais adiante adoptaram o Francês. O local da encenação era o interior das igrejas. No começo, era reduzido o texto e escasso o tempo de representação, mas três séculos depois, o número de figurantes ascendia a centenas, o texto a milhares de versos, e a encenação podia levar dias.
Com o tempo, o próprio povo entrou a representar suas peças, já agora de carácter não religioso, num tablado erguido no pátio defronte à igreja: dai o seu carácter profano, Abandonando o pátio, o teatro popular se disseminou por feiras, mercados, burgos e castelos da Europa e acabou tendo grande acolhida nos reinos ibéricos (Castela, Leão, Navarra e Aragão). E foi por influxo castelhano que esse teatro Penetrou em Portugal, pelas mãos de Gil Vicente, seguindo o exemplo de Juan del Encina (1468-1529), o qual, de vida aventurosa, terminando pelo ingresso na vida sacerdotal aos cinquenta anos, escreveu entre os catorze e os vinte e cinco anos a Maior Parte de suas obras, especialmente de carácter pastoril e religioso. É natural que Gil Vicente também fosse buscar à tradição incitamento para o seu teatro, mas, pelo menos ao iniciá-lo, teve por modelo a Juan del Encina.
A vida de Gil Vicente anda envolta de muitas dúvidas. Terá nascido em 1465 ou 1466, talvez em Guimarães, e morre entre 1536 e 1540. Ourives e mesmo mestre da balança Casa da Moeda de Lisboa, começa intempestivamente seu teatro a 7 de Junho de 1502, por ocasião do nascimento do futuro D. João III, filho de D. Manuel e de sua segunda mulher, D. Maria de Castela, filha dos Reis Católicos, D.