# Não somos todos macacos

A campanha "somos todos macacos” trata-se, porém, de não queremos enxergar as nossas piores mazelas, como o racismo, por exemplo, crime considerado pela própria Constituição inafiançável e imprescritível. “Não somos todos macacos", ao contrário, somos humanos, e devemos afirmá-lo para nos contrapor de forma consequente ao racismo e à xenofobia, tendo em vista que é o racismo que recusa a nossa humanidade ao nos negar direitos básicos, a nossa condição humana, iguais na diferença, pois ao fazê-lo, os racistas se tornam a expressão do que há de mais arcaico, mais desumano, pois renegam uma verdade na qual só existe uma raça, a raça humana.
O racismo nos desumaniza, pois confrontar a agressão com esse tipo de resposta é fechar os olhos para um ato criminoso. Se somos todos macacos, elimina-se a responsabilidade do agressor, generalizando-se a agressão. No lugar de punir o criminoso, naturaliza-se o crime. Se somos todos macacos, não há mais crime. Vale salientar que, preconceito e racismo se combatem com Políticas de inclusão, leis punitivas realmente duras e de fácil aplicação, e com muita educação, em todos os aspectos que esse conceito tem. Campanhas desse tipo só atrapalham o combate a esse complicado problema humano.
Concordar com esta campanha, porém, não refletem a consciência da gravidade do problema, especialmente quando se sabe que há certos setores na sociedade brasileira que, ao invés de assumir a luta pela superação do racismo, preferem maquiar a realidade de fato.
Dessa forma, independentemente de quais sejam as intenções dos que aderiram à campanha, não é esse o caminho para enfrentar uma patologia social como o racismo, uma chaga que contamina todo o tecido social e é um dos elementos estruturantes da desigualdade social.