não faço ideia

As discussões acerca da legitimidade do poder e da fundamentação do Estado, bem como sua necessidade colocam-se como um assunto que há séculos ocupam filósofos, teóricos da política e, mais recentemente, sociólogos. Partindo do princípio segundo o qual “todo texto responde a um contexto”, é lícito afirmar que cada autor formulou ideias acerca dos assuntos acima mencionados a partir de uma leitura circunscrita pela época na qual viveu. Por conseguinte, as grandes revoluções registradas pela história – cujo protagonismo, com efeito, se encerrou ora no povo, ora naqueles que preenchiam as esferas do próprio Estado – descortinaram, cada qual a seu modo, uma perspectiva pela qual cada teórico desenvolveu sua própria leitura. Dito de outra forma, a percepção que se cria acerca de um dado assunto, seja qual for sua época, deriva de uma combinação de eventos aos quais aquele que escreve está exposto – daí a ideia de que “todo texto responde a um contexto”. No tocante a necessidade do Estado, por exemplo, o filósofo John Locke argumentava no século XVII que a este agente compete, fundamentalmente, a conservação e preservação do direito de liberdade e igualdade e o direito de propriedade. Tais ideias forneceram os primeiros contornos para a criação de um Estado liberal pelo qual as regras de convívio social (o que pode e o que não pode) são estabelecidas e fiscalizadas – a isso também chamamos “Estado mínimo”.
Em contraste com Locke, na perspectiva do filósofo inglês Thomas Hobbes, por outro lado, a necessidade do Estado se justifica, pois:

O homem, por excelência, é bom, todavia, ao voltar-se para a vida em sociedade, estando em companhia de outros iguais, acaba por assimilar condutas que ferem a coesão social, fato que enseja um forte individualismo, bem como outros sentimentos que servirão como o móvel para ações que contrastam com a paz necessária para qualquer sociedade. Daí, a necessidade de um Estado, o qual deve mediar as vontades individuais – já que