NATURALISMO

PRAGMATISMO E NATURALISMO:
UMA CONJUNÇÃO INEVITÁVEL?*
Prof. Dr. DAVID C. LAMBERTH

Resumo: Desde a obra de John Dewey, tem sido uma suposição comum que o pragmatismo, em seu sentido mais amplo, implica um compromisso fundamental com o naturalismo. Entretanto, numa fase já avançada de sua carreira, William James considerava tanto o naturalismo científico quanto as numerosas versões do supernaturalismo como sendo contrários àquilo que um ponto de vista pragmático implica. Neste paper, através da abordagem das obras de Dewey e James em relação ao naturalismo e ao supernaturalismo, defendo que uma verdadeira perspectiva pragmatista exige que nos desloquemos para além das posições totalmente limitadas e mutuamente implicativas do naturalismo e do supernaturalismo. Nas seções finais do paper, volto-me para algumas figuras contemporâneas - Rorty,
Davidson e McDowell - para determinar o significado deste insight na filosofia contemporânea.

Na introdução de seu livro d e 1993, Philosophical Naturalism, David Papineau notou q u e quase todo m u n d o hoje e m dia quer ser u m 'naturalista', apesar d o fato de q u e os aspirantes diferem radicalmente sobre o q u e o termo significa.1 Pesquisando o renascimento c o n t e m p o r â n e o e os desenvolvimentos d o pragmatismo, ou neopragmatismo c o m o é geralmente c h a m a d o nos Estados Unidos, estou inclinado a dizer o mesmo. O u seja, q u a s e t o d o aquele q u e se autodescreve u m pragmatista (seja o q u e for q u e isto signifique) também afirma endossar alguma forma d e naturalismo. 2
Eu gostaria de investigar a questão de se o pragmatismo e o naturalismo são inerentemente conjugados, olhando para duas figuras centrais na história inicial d o pragmatismo, William James e J o h n Dewey. Especificamente, eu gostaria d e comparar suas posições e m relação ao naturalismo e m metafísica e epistemologia, e perceber se, e até q u e ponto, p o d e m o s encarar o pragmatismo c o m o u m a espécie de
naturalismo.