Narcochavismo

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O ex-segurança de Chávez e do principal deputado da Venezuela acusa o filho do primeiro de ser um traficante internacional e o segundo de chefiar o cartel que distribui a cocaína colombiana

Leonardo Coutinho

A corrosão do governo venezuelano parece não ter fim. Abalada por uma crise de desabastecimento, insolvente em decorrência do desmanche da indústria petroleira e cobrada internacionalmente por causa das violações dos direitos humanos e da perseguição policial aos críticos do regime, a Venezuela enfrenta agora a revelação de que a cúpula do chavismo, o movimento político que governa o país desde 1999, chefia uma organização criminosa que praticamente monopoliza a distribuição da cocaína colombiana para fora da América do Sul (veja o mapa acima). Em janeiro, Leamsy Salazar, um capitão de corveta da Marinha venezuelana, exilou-se nos Estados Unidos e revelou às autoridades americanas que o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, comanda um cartel formado por militares e políticos chavistas, responsável pelo escoamento de cerca de 90% da droga produzida na Colômbia. Salazar não é um militar qualquer. Ele foi chefe da segurança de Hugo Chávez durante quase dez anos até a morte do presidente, em março de 2013, quando foi requisitado por Cabello para exercer a mesma função. Salazar está sob proteção da Drug Enfor-cement Administration (DEA), o órgão americano de combate ao narcotráfico, e colabora com uma investigação a cargo da Procuradoria Federal em Nova York sobre o Cartel dos Sóis, em referência às insígnias que os oficiais de alta patente da Venezuela trazem sobre os ombros. Estima-se que o cartel exporte 5 toneladas de cocaína por semana, em média. Os detalhes do depoimento de Salazar à DEA foram revelados na semana passada pelo jornal espanhol ABC e confirmados, de maneira independente, por VEJA.

Salazar contou ter presenciado Cabello ordenando o envio de embarcações abarrotadas de cocaína para outros países e indicou os

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