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As manifestações no Brasil começaram a partir de uma questão simples, a redução no preço das passagens do transporte público, e se ampliaram para demandas como rejeição à classe política e aos partidos
O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, insiste que os protestos no país resultam de uma conspiração de forças estrangeiras, banqueiros e imprensa contra seu governo. E decidiu inovar: passou a dizer que o Brasil é vítima da mesma trama — “aqueles que falharam na Turquia estão fazendo seu melhor no Brasil” —, afirmou.
Nada mais longe da verdade. A população turca foi para as ruas porque está farta da arrogância e do autoritarismo de Erdogan. A centelha foi sua decisão de transformar um parque central em Istambul, a única área verde naquela região, numa réplica de quartel otomano que abrigaria um shopping. Descaso para com o meio ambiente e a vontade popular e tentativa de reviver glórias do Império Otomano.
Grande parte dos turcos cansou-se também da campanha do premier para islamizar o país, afastando-se do legado de Kemal Ataturk, o fundador da república, em 1923, e responsável pela separação entre religião e Estado, que garantiu o caráter laico da sociedade e ajudou a modernizar o país.
Os protestos são contra o premier, a dura repressão policial e o desprezo pelas demandas da população. Isso a despeito de seu governo ter sido muito bem-sucedido na revitalização da economia turca, hoje um importante país emergente, e de ter relançado a nação na política internacional, aumentando consideravelmente sua influência.
Erdogan ameaça um modelo que se tornou admirado ao demonstrar a viabilidade de convivência entre um governo islâmico moderado e a democracia. Com isto, complica também os esforços de décadas do país para entrar na União Europeia.
As manifestações no Brasil começaram a partir de uma questão simples, a redução no preço das passagens do transporte público, e se ampliaram para