Mundo Vazio

Mundo Vazio

6 anos, filha única, vivia na cidade grande, rodeada de pessoas. Recebia paparicos de familiares, porém, ainda assim, se sentia solitária, incompreendida. Costuamva brincar com seus bonecos de pano, e, durante a brincadeira, se sentia parte deles. Como se sua alma tomasse parte ao mundo dos brinquedos. Gostava da sensação de participar de outro mundo, àquele imaginário.
Se mudou para o interior. Os anos foram se passando, agora com 15 anos, o sentimento de solidão somente se agravou. Sentia um vazio dentro de si, e, para preenche-lo, comia. Comia até se sentir "completa". Engordou. Sabia que isso não a fazia bem, porém, não encontrava soluções, outras formas de preencher aquilo que a angustiava.
Já tivera alguns relacionamentos, porém os tratava de forma sádica. Não conseguia receber, não conseguia dar. Sempre desconfiada, passou por diversos momentos de desilusões. Quando achava que poderia começar a acreditar no bom das pessoas, as decepcionava. Tentou emagrecer. Quase entrou em anorexia, e virou bulímica. Mais problemas para sua vida. Ou seriam todos só reflexo da realidade que encarava? Colegas rotulando, cidade pequena, fofocas, rumores. Não via chances de crescer, preferiu voltar para a cidade grande.
Sua rotina muda, drásticamente. Tempo integral em seu colégio. Uma coisa era certa, conseguiria crescer intelectualmente, como tinha em mente. Porém, físicamente, começou a ver os reflexos. O dia inteiro sentada em uma carteira. Chegava em casa, cansada, não tinha pique para academias. Novas pessoas, sem os amigos com quem convivia, sem ocupações que a animassem. Mais uma fase de sofrimento para a garota. Começou a engordar. Reflexo do vazio que voltara a sentir, do medo de sair às ruas, da angústia de ficar presa dentro de seu apartamento. Porém, estava mais próxima de seus parentes. Madrinha e padrinho, que tanto fizeram parte de seu crescimento, quem brincavam com ela quando criança, agora estavam mais próximos. A tendência era que as coisas