Mulheres livres e pobres no século XIX no Crato

Mulheres livres e pobres no século XIX no Crato

Fernanda Rodrigues Santana

Resumo:
Este artigo pretende por meio de processos criminais analisar como era a vida das mulheres livres e pobres no século XIX no Crato. Ver suas práticas culturais, o relacionamento com a sociedade da época e o padrão moral desse período. Objetivando refletir sobre como eram suas relações de trabalho, como se sustentavam, se eram independentes, como eram vistas pela sociedade, seu papel na época e suas relações cotidianas.

Palavras-chave: mulheres, Crato, processos criminais, cotidiano.

Introdução:
Este trabalho objetiva uma análise das mulheres no Cariri no século XIX, sendo necessário entender um pouco sobre sua história e sua presença na historiografia brasileira. No Brasil do século XIX regiam-se regras sociais para as mulheres através da diferenciação dos sexos. O cotidiano de algumas delas baseava-se nos afazeres domésticos e muitas não tinham interesse para a instrução. A família brasileira conviveu com uma diversidade de modelos durante este século de tantas mudanças, tendo que se moldar ao progresso e inovações que batiam as suas portas, se transformavam de acordo com tensões, conflitos, conjunturas demográficas, econômicas e culturais. Mas em pleno século XIX havia mulheres solteiras, sozinhas, separadas ou viúvas, que viviam sós com suas filhas e filhos, que acabaram se transformando em companheiros de trabalhos domésticos e rurais, fora do lar ou autônomas, lavandeiras, costureiras, doceiras, quitandeiras. Não podemos dizer que não havia o predomínio da família nuclear, mas os parentes e vizinhos se preocupavam com a moral familiar, interferindo ao ponto de causarem uma queixa a uma possível desconfiança de defloramento, assunto muito debatido em suas rodas de conversas. Na maioria dos casos as moças pobres sofriam inúmeras violências morais e físicas, como a perca da virgindade e a difusão desse fato, abalando drasticamente a sua honra.
Homens e