Mota
Com sua inserção nas instituições de saúde, o psicólogo viu sua atuação ampliada para além da atenção à saúde mental, passando a abranger a área de saúde em geral. Uma área com a qual o modelo de assistência psicológica em saúde tem contribuído é a pediatria, em que aspectos do desenvolvimento físico e mental da criança e do adolescente, relacionados ao processo de saúde e doença, têm sido foco de estudos. A revisão da literatura em psicologia pediátrica mostra a relevância de trabalhos relativos à avaliação e intervenção psicológica com crianças e adolescentes com câncer (que é apontado como a terceira causa de morte em crianças e adolescentes brasileiros com idade entre 1 e 14 anos [Ministério da Saúde, 1997]), com ênfase em aspectos como o manejo de procedimentos médicos invasivos e estratégias de enfrentamento. A preocupação com os aspectos psicossociais do tratamento do câncer infantil tem recebido ênfase nos estudos da área, principalmente pela constatação do aumento da sobrevida e da possibilidade de cura, o que abre espaço para a atenção das necessidades globais da criança. Para facilitar a compreensão da experiência vivida pelo paciente com câncer e sua família, foram propostas 10 fases: diagnóstico, início do tratamento, remissão, término do tratamento médico, sobrevida, cura, recidiva, fase terminal, morte e ajustamento familiar após a morte do paciente (Katz, Dolgin e Varni, 1990). Cada uma dessas fases é caracterizada por estressores, constituindo-se uma variável que pode influenciar as estratégias de enfrentamento da criança com câncer. Nesse contexto, a hospitalização se caracteriza como um estressor presente em cada uma das fases da doença e que abrange uma série de outros estressores, implicando em consequências sobre o desenvolvimento normal da