Monopolio conflito e participação na gestão
VALÉRIO IGOR P VICTORINO *
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“A propriedade da água é, precisamente, aquela em que se acentua o caráter social pela interação entre os usos e os usuários”
Alfredo Valladão
“O modo como as decisões sobre o gerenciamento de água são feitas e os sistemas de água são controlados revela bastante sobre os estágios e a saúde da democracia.”
Neil S. Grigg
INTRODUÇÃO
Durante quase um século, os sociólogos trabalharam majoritariamente pensando que os constrangimentos causados à natureza não seriam relevantes para a formação e o desenvolvimento das instituições sociais. Como ciência herdeira e criação do iluminismo, a Sociologia partia do pressuposto de que o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e das comunicações permitiria à sociedade isentar-se da natureza, superando o determinismo geográfico e biológico (DUNLAP 1997). Mesmo que seja
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possível achar alguns elementos de estudo das relações entre sociedade e natureza em
Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber (BUTTEL, 2000), era como se a organização social pairasse acima do mundo natural, com uma dinâmica independente e explicável somente pela correlação entre as variáveis puramente sociais.
A sensibilização global para a questão ambiental nas últimas décadas do século XX – representada pela escassez e poluição crescentes, generalizadas e mais significativamente perigosas – leva inúmeros sociólogos a crerem em seu reflexo sobre a própria transformação das instituições sociais.
O desafio da teoria social contemporânea consiste em construir conceitos que possibilitem compreender o significado e as tendências mais perenes da transformação das práticas sociais induzidas pelas interferências sociais no meio natural
*Professor do Programa de Mestrado em Gestão de Políticas Públicas da UNIVALI – SC. igorvic@usp.br
Recebido em 7/02/2003 – Aceito em 15/08/2003.
Ambiente & Sociedade – Vol. VI nº. 2 jul./dez. 2003
e seus