Mito linguistico

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Cléo Vilson Altenhofen*

➲ Política lingüística, mitos e concepções lingüísticas em áreas bilíngües de imigrantes (alemães) no Sul do Brasil
1. Quadro histórico: tratamento das línguas de imigrantes pelo Estado
Ao lado das questões lingüísticas ligadas ao ensino de português, aos direitos das populações indígenas no Brasil e às relações entre os países membros do Mercosul, as questões ligadas às línguas de imigrantes talvez sejam as que mais se encontram em aberto, no contexto brasileiro, tanto em termos da necessidade de uma educação mais adequada às situações de bilingüismo, quanto em relação à própria defesa dos direitos lingüísticos e à carência de pesquisas que dêem conta da complexidade das relações sociais e lingüísticas presentes nessas áreas. Historicamente, pode-se dizer, a política lingüística para essas populações de imigrantes alternou entre momentos de indiferença e de imposição severa de medidas prescritivas e proscritivas. Essa ambivalência pode ser exemplificada em depoimentos como o seguinte, de um falante de alemão de Brusque,
Santa Catarina:
O clima era de terror. Ninguém tinha coragem de falar em público com medo de ir para a cadeia. Nessa tal de nacionalização queriam que todos falassem português da noite para o dia.
Prenderam até velhos que nada queriam com a política só porque falavam alemão em público.
Mas antigamente o governo não proibiu falar alemão, não providenciou escolas ou coisas semelhantes, que ensinasse as pessoas o português. Agora, depois de todos esses anos de indiferença, queriam que a gente falasse português sem sotaque. (citado por Seyferth 1982: 188)

De fato, a visão histórica das “políticas lingüísticas” para as línguas minoritárias no
Brasil mostra um predomínio de decisões coibitivas. No século XVIII, o Marquês de Pom*

Cléo V. Altenhofen é docente da área de germanística e romanística na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil. Seu

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