Meutrabalho

A janela está sempre aberta. Reinações da quimera. Era uma noite natalícia de inverno, as estrelas brilhavam e senhora Alice estava na janela de seu quarto rosa olhando-as. Ela não gostava de rosa, preferia preto. Assistia a filmes de terror à meia-noite e se vestia de forma extravagante e com cores escuras. Via apenas algumas pessoas na janela e mais nada, entretanto suspeitava de um homem tocando a bolsa da mulher e a puxando; um menino conversando com um velho que o olhava de forma estranhamento medonha; um rapaz de uns 20 anos com um estranho volume no canto da cintura. Ficou apavorada: todos os enredos de filme de terror lhe voltaram à mente e também a morte do marido em uma cena suspeita como essa. Na noite de cinco de dezembro, morte de Marcos, ela se desesperara, desde então desenvolveu tremenda impulsividade, raiva e depressão. Pegou o telefone e chamou seu pai: um policial rude com os nãos familiares, ensimesmado, impulsivo, enfim de gênio forte. -Venha pai! Crimes acontecem! Desligou rápido. Se o pai pensasse que ela corria perigo viria ainda mais rápido... e foi o que aconteceu. -Acalme-se! Quem lhe atacou? Alice demorou a responder e o homem começou a ficar ainda mais nervoso do que já era e se remexeu impacientemente sacudindo alguns de seus cabelos grisalhos. -Não pai! Olhe a janela. O policial foi até a janela e olhou, ficou olhando, olhou tanto que seus olhos se avermelharam, porém a única coisa que viu foram uma linda noite iluminada pela lua e a calçada adernada por pedregulhos. -Mas aqui não tem ninguém... E a frase ficou no ar por alguns instantes, a filha se aproximou do parapeito da janela e apertou de leve o braço do pai com seus dedos macios: realmente não havia mais ninguém lá. O silencio sufocante reinou por algum tempo, até o pai perceber várias meninas pulando corda. -Só há aquelas meninas pulando corda, olhe, aquelas vestidas de branco! As pequenas meninas envolvidas em uma brincadeira