Memórias literárias

382 palavras 2 páginas
Isolamento

Sempre me interessei pela história dos hansenianos que ainda sobrevivem no meu bairro chamado Colônia Antônio Aleixo, na cidade de Manaus, AM. Agora tive a oportunidade de conversar com uma dessas personagens e aprender mais um pouco com ela. Quando pedi para dona Socorro falar um pouco sobre a vida dela aqui na Colônia Antônio Aleixo ela respirou profundamente e começou: Ainda me lembro como se fosse hoje, quando cheguei no leprosário da colônia, ruas enlameadas, casebres de madeira invadidos pelo mato, apenas um ônibus, um cheiro de dor e morte no ar, pessoas deformadas pela lepra nos observando curiosamente, e lá estava eu com apenas 16 anos de idade, era paciente daquele lugar horroroso situado à margem esquerda do rio Solimões nos arredores de Manaus, era o ano de 1962. O que mais doía em mim era saber que de lá nunca mais sairia, além de estar sofrendo muito por ter sido arrancado do meio de meus familiares.
Os doentes estavam aos cuidados dos religiosos católicos, que não se importavam muito com eles, ou melhor, conosco, pois éramos pessoas condenadas à morte, por que se importariam? Naquela época não existia esgoto, o cemitério era ali mesmo, próximo dos casebres, vi muitos morrerem e serem enterrados, isso era rotineiro, só imaginava quando fosse a minha vez, não podia receber nenhuma visita, existia apenas 01 (um) ônibus para fazer o transporte apenas dos religiosos, os doentes jamais entraram naquele veículo.
Os dias pareciam infinitos e torturantes, nossas roupas desgastavam muito rápido, davam-nos sandálias de couro e saias para usarmos, não havia muita distinção entre roupas masculinas e femininas naquela época, às vezes desejava morrer logo, talvez assim pudesse sair logo dali. O jeito era improvisar, inventávamos nossas próprias brincadeiras para passar o tempo, tais como: cabra cega, roda, esconde-esconde e outras. Os pacientes que estavam mais graves infelizmente não podiam participar das brincadeiras conosco, por que a lepra

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