MEDITÇÕES DA METAFISICA PRIMEIRA

11911 palavras 48 páginas
CIÊNCIA E METAFÍSICA NA DISSERTAÇÃO DE 1770
ORLANDO BRUNO LINHARES1
Universidade Presbiteriana Mackenzie oblinhares@uol.com.br Resumo: argumento neste artigo que Kant, na Dissertação, de 1770, apesar de já ter elaborado a revolucionária doutrina da idealidade e subjetividade do espaço e do tempo, é um realista transcendental, pois concebe uma ontologia e uma cosmologia racional.
Palavras-chave: ciência, metafísica, cosmologia, mundo e infinito.
Abstract: I argue in this article that Kant in the Dissertation, of 1770, in spite of have been worked out the revolutionary doctrine of ideality and subjectivity of space and time, is a transcendental realistic, so he conceives an ontology and a rational cosmology.
Keywords: science, metaphysics, cosmology, world and infinite.

INTRODUÇÃO
O objetivo deste artigo é analisar o papel da Dissertação, de 1770, na gênese da filosofia transcendental. Embora não haja uma ruptura intransponível entre os períodos pré-crítico e crítico, pois no primeiro período o problema da significação de conceitos e juízos é o centro das investigações kantianas2, argumento que Kant, em 1770, apesar de já ter elaborado a revolucionária doutrina da idealidade e subjetividade do espaço e do tempo, é um realista transcendental, pois concebe uma ontologia e uma cosmologia racional. Divido este artigo em três seções. Na primeira, comparo a Dissertação com a Crítica da razão pura, argumentando que, em
1770, Kant se encontra submetido ao sonho dogmático. Na segunda seção, analiso a distinção entre ciência e ontologia; e na terceira, reconstruo a cosmologia da Dissertação na perspectiva do realismo transcendental.

1. CRÍTICA E METAFÍSICA
A Dissertação de 1770 é considerada por muitos comentadores a obra que dá origem ao criticismo e contribui para a superação das concepções dogmáticas da escola Leibniz-wolffiana.
Esta opinião encontra respaldo nos relatos autobiográficos de Kant. Em 1781, numa carta a Herz,
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