medeia

Pedagoga: O que você está fazendo aqui parada e chorando na frente da porta do quarto da Medéia?
Ama: É que me dói ver ela assim chorando.
Pedagoga: Mas ela ainda não parou de chorar?
Ama: Tadinha. O pior é que a desgraça dela só tá começando.
Pedagoga: Você ainda não sabe nada.
Ama: Ai menina, que foi que aconteceu? Desembucha.
Pedagoga: Nada. Eu acho que falei demais.
Ama: Pára com isso muié. Fala de uma vez, eu não conto nada pra ninguém. Tamo no mesmo barco.
Pedagoga: Só entre nós heim. Hoje quando eu tava passando por aí, ouvi dizer que o Seu Creonte, queria dar um jeito de fazer sumir dessas bandas a Medéia junto com os filhos dela. Se isso é verdade eu não sei, mas bem que eu queria que fosse mentira.
Ama: Mas e o Jasão vai deixar que aconteça isso com os filhos, mesmo estando brigado cá mãe deles?
Pedagoga: Dele dá pra esperar qualquer coisa.
Ama: Ai Jesus! Desgraça pouca é bobagem.
Pedagoga: Mas olha filha, você trate de ficar quieta, porque ela num pode saber de nada não, entendeu?
Ama: Só não quero que ele morra porque é meu patrão, mas como é que pode uma coisa dessas? Não me entra na cabeça como ele é tão egoísta.
Pedagoga: E a gente vai fazer o que? Todo mundo no fundo é egoísta.
Ama: Faz o seguinte: pegue essas crianças e leve pra bem longe pra que não aconteça nada com elas. Não deixe que a mãe deles se aproxime porque no estado que ela está não é bom. Eu já vi ela olhar pra eles com raiva. Os coitadinhos não têm culpa de nada. Se ela for fazer algo ruim que faça contra os inimigos dela e não com quem está ao lado dela.
Medéia (de dentro do quarto, desesperada): Ai meu Deus do céu! Como eu estou sofrendo! Que droga essa vida. Seria melhor eu ter morrido.
Ama: Anda guria, leva essas crianças pra longe. Você está esperando uma tragédia?
Medéia: Ai Deus, o que eu fiz pra merecer isso? Até dos meus filhos eu tenho raiva. Que morram eles e o pai deles. Que vá tudo pro inferno.
Ama (ouvindo tudo): Minha Nossa Senhora da Aparecida. As