Mecanismos de transferência de tecnologia para países do terceiro mundo
Terceiro Mundo
Texto disponível em www.iea.usp.br/artigos
As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade do autor, não refletindo necessariamente as posições do IEA/USP.
Mecanismos de Transferência de
Tecnologia para Países do Terceiro Mundo1
José Israel Vargas2
O tema que me foi proposto presta-se bem à reflexão e à controvérsia. Desde o título, que recorre à consagrada expressão de transferência de tecnologia. Diferentemente da ciência - que se assemelha ao patrimônio cultural, cujo valor imediato é intangível - a tecnologia tem valor econômico. A tecnologia é, cada vez mais, conhecimento científico com valor agregado. Assim, não é de fato próprio falar-se genericamente em “transferência de tecnologia”. trata-se muito mais de uma operação de compra e venda, um comércio explícito ou implícito. As empresas que adquirem tecnologia pagam por ela, na forma de royalties ou de um sobrepreço embutido no custo de equipamento adquirido ou, mesmo, no custo da formação de recursos humanos que absorverão e utilizarão a tecnologia. Também as nações pagam pelo acesso ao conhecimento tecnológico, embora, geralmente, a moeda de troca tenha caráter político, ideológico ou de alinhamento econômico, ao invés do puro significado monetário próprio das transações entre empresas.
Feitas essas ressalvas, fiquemos com a expressão imperfeita embora consagrada pelo uso.
A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
Antes de entrar no tema dos mecanismos de transferência de tecnologia, gostaria de deter-me um pouco sobre um exemplo que, aparentemente, conhecemos bem, pelo menos em seus efeitos: o nosso próprio processo de desenvolvimento recente, calcado, como é bem sabido, na importação de tecnologia.
É verdade que os economistas preferem falar no modelo da substituição de importação, para designar o período que foi marcado por um explosivo processo de industrialização do País. Mas, de fato, a