Maurice Pialat
Pialat começou a fazer filmes tardiamente. Havia trabalhado por muitos anos com pintor, em uma carreira não muito bem sucedida. Envolveu-se com o teatro e a televisão, e dirigiu alguns documentários antes de dirigir seu primeiro e notável curta, “L' amour existe” (1960), aos 35 anos. “Infância nua” (1968), sua estreia em longas ainda levaria quase uma década. E, neste período, Pialat viu a Nouvelle Vague nascer, estourar e morrer. Sua obra emerge na resseca do movimento francês, em uma tentativa diversa de ataque a noção de representação que seus conterrâneos Jean-Luc Godard, François Truffaut, Éric Rohmer e Jacques Rivette haviam iniciado.
A Nouvelle Vague levou bem longe um cinema das atitudes e posturas. Os filmes esvaziaram os personagens de heroísmo, inteligência e psicologia. A câmera não dramatizava a ação, mas procurava desprovê-la de qualquer ênfase. Dessa maneira, restava apenas o estado bruto dos seres e objetos. Suprime-se, então, qualquer noção adjetiva, como nos mostra o título de um filme de Godard, “Uma mulher é uma mulher” (1961). A imagem deveria agora se dar como presença imediata.