Matrizes Religiosas Afro

Matrizes religiosas afro-brasileiras
Ao analisar as matrizes religiosas afro-brasileiras, podemos dizer que houve diversas perseguições no período colonial e na República, até a aceitação por parte de setores da intelectualidade brasileira nas décadas de 1970 e 1980, quando o Candomblé e a Umbanda percorreram caminhos que se inserem dentro do âmbito da cultura nacional. São práticas religiosas que sempre mostraram grande abertura ao diálogo com outras matrizes formadoras da identidade brasileira (a indígena e a européia).
Esses caminhos foram analisados pelo antropólogo Vagner Gonçalves da Silva (2005), que fez uma oportuna reconstituição da história das principais religiões afro-brasileiras. Mais do que simplesmente iluminar o processo de estabelecimento e consolidação de tais expressões de religiosidade, esse autor enfatizou sua relação intrínseca com aspectos diversos de nosso país e sua contribuição para um entendimento do que seja o povo brasileiro. Um dos pontos ressaltados pelo autor é a relação das práticas religiosas originárias da África com as culturas indígena e européia. “As religiões afro-brasileiras se formam a partir do contato, dos diálogos e desencontros com essas outras duas matrizes. Procurei identificar o que havia de comum entre elas”. (SILVA, 2005, p. 15)
Um desses aspectos, é uma certa restrição ao que se convencionou chamar de sincretismo religioso. De acordo com Silva, esta noção é limitada, pois não abarca as especificidades do Candomblé e da Umbanda: “Na verdade, as culturas se olham num espelho. Mas não se pode dizer que São Jorge seja Ogum. É a versão católica de Ogum, como Ogum é a versão da Umbanda para São Jorge” (Ibidem). A própria oposição entre religiões que acreditam em um único Deus (monoteístas), como a católica, e que adoram diversos deuses (politeístas), caso da Umbanda e Candomblé, é questionada por ele, que defende a tese de que todas essas crenças são, simultaneamente, mono e politeístas. “O topo do catolicismo é formado