Marcas Tang Veis E Indel Veis

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Marcas Tangíveis e indeléveis
Em entrevista ao semanário Expresso de 26 do corrente mês de Novembro, Jaime Nogueira Pinto cita Pessoa para dizer, sobre a expansão portuguesa de quinhentos, que “os ingleses deixaram ali qualquer coisa igual a eles. Em países de caos, aparecem [ ainda hoje ] uns juízes com umas perucas. Nós deixámos a mestiçagem. A casa. A comida. […] Fomos os únicos europeus que criaram um modo de o europeu viver no trópico.” Ora esta ideia, coincidente, aliás, com a de Luis Filipe Barreto, espelha-se na noção mais vasta de cultura enunciada no pequeno texto de José Hermano Saraiva e compagina-se com a acção europeia, em particular portuguesa, balizada pela Expansão. A europa carreou para latitudes não pisadas até então pelo homem europeu a sua presença cultural e civilizacional, a sua história, e alargou o palco de novas encenações sociais e culturais que resultaram numa verificada ambivalência. Fernando Catroga cita Agostinho para dizer que “ o homem é animal avidíssimo de coisas novas”, e o “Surgimento do Novo”, como também afirma, e esta noção rompe e abala constantemente o determinismo de certas filosofias historicistas condicionadas por discursos histórico-ideológicos.
A Expansão Portuguesa foi, porventura, um frémito dinástico transformado numa catarse colectiva de povos em que não encaixam os discursos históricos feitos de paradigmas escatológicos. Como afirma igualmente Catroga, “o futuro está sempre a realizar-se na tensão com o incessante renovamento do recordado” e disso, creio eu, é simbolicamente relevante a aculturação ambivalente que se deu ao longo de toda a Expansão Portuguesa, como de resto constata Luis Filipe Barreto. E essa aculturação tem impactos muiltilaterais resultantes das interacções que se estabelecem com “o outro” que se traduz depois numa miscigenação plural de contornos históricos, culturais e sociológicos que deixam de lado narrativas prognósticas. Tudo se realiza, afinal, à volta de “um Tempo Novo” e

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