marcas globais
NAOMI KLEIN
Já estou na Austrália há duas semanas e tem sido muito agradável encontrar-me com ativistas locais envolvidos em campanhas que exigem justiça trabalhista da Nike, na criação de centros de comunicação independente em Melbourne e na luta contra reatores e depósitos de rejeitos nucleares. Descobri que o pessoal anda muito ocupado por aqui, ótimo. A única queixa que tenho deste país maravilhoso é que os jornalistas não param de me perguntar se sou minha própria marca. Dá para acreditar? Ficam me perguntando isso e, não sei, eles são tão negativos. ノ como se não conseguissem imaginar que alguém não esteja querendo ganhar algum. Só estou com um pouco de sede, por isso trouxe comigo uma garrafa novinha de refrigerante No Logo. Agora isso é que é.
E lá vamos nós numa pequena viagem pelo estranho mundo das marcas. Marca é uma palavra realmente usada demais hoje em dia, é lançada a torto e a direito. Espero convencê-los de que, na verdade, marca não é publicidade, marca é o fim da publicidade. O processo de investir um símbolo de significado é tão velho quanto as tribos humanas. O desejo de marcar-se para ser parte de uma comunidade, ser parte de algo maior que si mesmo, é uma coisa profundamente humana que fazemos, as religiões fazem, os partidos políticos fazem. E, dentro do mundo corporativo, a marca tornou-se importante mesmo com a industrialização e o transporte de massa - o que significa, basicamente, que as pessoas estavam adquirindo produtos que costumavam comprar de um lojista ou fazendeiro local com quem tinham relações. De repente, estavam comprando produtos vindos de trem, estavam comprando de fábricas que faziam produtos quase idênticos. Assim, as primeiras marcas tornaram-se importantes porque eram relacionamentos substitutos, eram figuras confortadoras. Esse tipo de relacionamento comunitário familiar substituto reafirmava aos consumidores que, sim, dentro de um contexto de distância e mesmice