Mar adentro

O presente trabalho tem o objetivo geral de fazer uma breve discussão sociolingüística sobre o conto “Feliz Ano Novo” de Rubem Fonseca, mas antes, porém se faz necessário esclarecer o termo Sociolingüística.
Tendo como base a relação entre língua e sociedade, para Mollica (2004):

A sociolingüística é uma das subáreas da Lingüística e estuda a língua em uso, no seio de fala, voltando à atenção para um tipo de investigação que correlaciona aspectos lingüísticos e sociais. Esta ciência se faz presente num espaço interdisciplinar, na fronteira entre língua e sociedade, focalizando precipuamente os empregos lingüísticos concretos, em especial os de caráter heterogêneo.

Portanto, língua e sociedade possuem uma relação intrínseca não sendo coerente tentar separar um do outro. Antes de fazer uma análise propriamente dita do conto de Rubem Fonseca é importante destacar que o americano William Labov é o iniciador do chamado modelo teórico-metodológico, contudo este não é o primeiro sociolinguista da história como alguns podem equivocadamente pensar. Estas discussões tiveram seu início ainda por volta do século XVI na gramática da Língua Portuguesa de autoria do gramático Fernão de Oliveira (2000) reconhece a variação das línguas ao afirmar que:

[...] esta particularidade ou se faz entre ofícios e tratos, como os cavaleiros que têm uns vocábulos e os lavradores outros, e os cortesãos outros e os mercadores outros. Ou também se faz em terras esta particularidade, porque os da Beira têm umas falas e os do Alentejo outras, e os homens da Estremadura são diferentes dos de Entre Douro e Minho, porque, assim como os tempos, assim também as terras criam diversas condições e conceitos. E o velho, como tem o entender mais firme, com que mais sabe, também suas falas são de peso, e as do mancebo, mais leves (OLIVEIRA apud MENDES,ib. p. 97-98)

Oliveira (2000) faz uma abordagem em relação à variação, a qual se trata das alternâncias de uso da língua, ou seja, num