Maquiavel e Bacon

Maquiavel, pensador político, dirigiu suas reflexões para a psicologia social e a moral do homem de Estado. Partindo da realidade palpável, buscou apreender leis objetivas que sustentem a ação política realmente eficaz. Ao contrário do modelo platônico, não busca a melhor forma de governo a partir de um sistema idealizado, mas de estudar e entender os fatos políticos tais como se apresentam ao observador. Este foco na complexidade do mundo real marca o início do pensamento moderno. Os fatos estudados por Maquiavel foram principalmente aqueles da sua experiência pessoal durante sua vida em Florença. Ao longo da vida o filósofo esteve tanto do lado dos governantes como na oposição; após cair em desgraça escreveu “O Príncipe” esperando reabilitar-se perante os poderosos do momento.
Apesar de nunca ter escrito explicitamente a frase “o fim justifica os meios” esta sintetiza a doutrina política de Maquiavel. Usando como exemplo o governo de César Bórgia, defendeu que o príncipe não deve abrir mão da crueldade nem da trapaça para impor a ordem pública. Todavia, alguns pensadores posteriores acreditam que ao explicitar tais métodos Maquiavel não os estava endossando, mas sim denunciando-os ao povo da época. “O Príncipe” mostra como os tiranos pensam e agem, oferecendo assim um retrato fidedigno dos perigos que eles representam. Tal ideia fica mais evidente devido as diferenças entre “O Príncipe” e outro livro de Maquiavel, “Discurso Sobre a Primeira Década de Tito-Lívio” obra na qual o filósofo condena a opressão e proclama a liberdade dos povos. Outra interpretação possível para essas diferenças seria que as soluções apresentadas não são as mesmas em ambos os livros porque existem grandes diferenças entre um regime monárquico e um regime republicano; dependendo das circunstancias, ora a prática da virtude, ora a ferocidade serão os meios adequados para a ação política mais eficaz. A filosofia de Maquiavel é a filosofia dos meios, sem preocupações éticas e morais,