Maconha

MACONHA*

1. MECANISMO DE AÇÃO
A maconha é uma substância ilícita no Brasil, derivada da planta Cannabis, principalmente consumida sob a forma de cigarro; este é composto pela mistura de folhas, brotos, talos e flores da planta1,2.
As substâncias presentes na maconha que proporcionam atividade farmacológica são os canabinóides e compostos relacionados1,2,3. Sendo que dos 489 compostos naturais da Cannabis já identificados, 70 são canabinóides, dentre eles: delta-9-tetra-hidrocanabinol (Δ9-THC), delta-8-tetra-hidrocanabinol (Δ8-THC), canabinol (CBN), canabidiol (CBD), canabigerol (CBG), canabicromeno (CBC), canabiceclol (CBL), canabielsoin (CBE), canabinodiol (CBDL) e canabitriol (CBTL)3.
O Δ9-THC é o principal composto com efeito psicoativo, sendo responsável pela maioria dos efeitos farmacológicos3,4. Os ácidos canabinóides do Δ9-THC, CBD, CBC e CBG são mais importantes, já os ácidos do Δ9-THC são desprovidos de atividade farmacológica, sendo necessária sua descarboxilação, que acontece tanto de forma espontânea, quanto pelo processo de ressecamento, estocagem e pirólise3.
Os receptores responsáveis por traduzir os efeitos farmacológicos produzidos pelos canabinóides são os CB1 e CB23,4. O CB1 é encontrado principalmente no sistema nervoso central (SNC) e o CB2 nas estruturas associadas à modulação do sistema imune e da hematopoiese3,4,5.
Os receptores canabinóides estão ligados à proteína G3. O Δ9-THC é agonista dos receptores canabinóides, ao se ligarem ao receptor CB1, causa a inibição da liberação de neurotransmissores pelas terminações pré-sinápticas, por bloquear os canais de cálcio (Ca2+) e pela hiperpolarização em função da ativação dos canais de potássio (K+)6. Existe ainda, ligantes canabinóides endógenos (anadamida e o 2-araquidonilglicerol) capazes de diminuir a liberação de neurotransmissores, assim como a ação do Δ9-THC7.
Os mecanismos produtores de efeitos eufóricos e de dependência química não são bem conhecidos; evidências indicam que o