Machado de assis

A obra de Machado de Assis, ‘Dom Casmurro’ é uma história narrada pelo marido Bentinho, de um adultério a seu ver cometido pela mulher Capitu. No final deste livro, ele busca a resposta sobre a dúvida que o aflige: A Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada por efeito de algum incidente. O artigo “A POESIA ENVENENADA DE DOM CASMURRO’’ trás como pontos principais o fato de que o romance é narrado pelo marido, sem o próprio dar nenhuma chance à mulher de se explicar, ele conta a sua visão dos fatos baseado no seu ciúme exacerbado e desconfianças”. Ele a incrimina sem dar espaço para resposta: tudo se resume em saber se a fidelidade de Capitu – subtraída, portanto de eventuais objeções – foi efeito das constantes desconfianças do marido, ou se já estavam lá, na menina ‘ como a fruta dentro da casca ‘. O artigo chega à conclusão de que não há como ter certeza da infidelidade de Capitu, mas em compensação está fora de dúvida que Bento escreve e arranja a sua história com a finalidade de condenar sua mulher. O ciumento da Glória já existia pronto e acabado no menino de Matacavalos. Não está nela, mas no marido, o enigma a ser desvendado. Machado adota um narrador unilateral, fazendo dele o eixo da forma literária. Ele se inscrevia entre os romancistas inovadores, além de convergir com os espíritos adiantados da Europa, que sabiam que toda representação comporta um elemento de vontade ou interesse, o dado oculto a examinar, o indício da crise da civilização burguesa, as consequências dessa nova técnica de narração eram audaciosas. O nosso cidadão acima de qualquer suspeita, ficava ele próprio sob suspeição, credor de toda a desconfiança disponível. O marido narrador evolui para um clima de poesia envenenada, entre patético, desgovernado e prepotente, propriamente reacionário, cuja fixação é um dos méritos notáveis do romance. As suspeitas de Bento, a lucidez de Capitu são