macabéa e os sem rosto

ATIVIDADE SUPERVISIONADA
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

A HORA DA ESTRELA Clarice Lispector

Ricardo Carlos da Silva

Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem. Bertolt Brecht

Macabéa e a identidade dos sem rosto.

Em A hora da Estrela a escritora Clarice Lispector nos leva a descobrir uma personagem criada a partir do nada, uma moça pobre que só comia cachorro quente, de uma inocência pisada, uma miséria anônima.
História de uma indigente, sem rosto, vítima de si mesma. Retrato manchado que mascara toda sua realidade, através do espelho que grita por uma identidade. É o existencialismo nu e cru. Macabéa, retirante típicamente nordestina, órfã de pai e mãe, criada pela tia beata que impõe seus valores morais e amorais, a sobrinha inclusive troca de roupa debaixo dos lençóis o que para muitos seria uma orientação equivocada para a vida, na prática. Macabéa uma alma vivente, pode ser comparada a um bibelô ou a um animalzinho de estimação que não tem consciência da importância de sua significância no mundo. Sua existência é suja, miserável, melancólica, aflita. Aflição. A vida de Macabéa aflige o espectador por que incomoda. Incomoda ver no outro, o lado puro, ingênuo, ignorante, sem perspectiva e negativo do ser. Incômoda situação é observar através do espelho manchado, características da degradação social, da mediocridade humana. Angustiante deparar com os olhos que nunca miram o engano, que não enxergam o limite ofuscado pelas profundezas daqueles