Luis Fernando Veríssimo

8592 palavras 35 páginas
Luis Fernando Verissimo: humor e ternura
Ana Maria Machado
Como é possível que uma coisa ao mesmo tempo nos emocione e faça rir?
É um mistério, e não é muito freqüente que isso aconteça. Mas quando ocorre, é um momento precioso do espírito humano. Uma espécie de deslumbramento cultural. Eram assim os filmes de Charles Chaplin. No tempo do cinema mudo, ele criou o Carlitos, um vagabundo engraçadíssimo e comovedor, que vivia em situações de extrema penúria mas não perdia o senso de humor nem a capacidade de criar beleza, a partir de elementos muito pobres - um sapato velho, uma corda que prendia a calça na cintura, um vira-lata, dois garfos espetados em pãezinhos... O espectador via aqueles filmes, sentia solidariedade e compaixão, ficava com um nó na garganta e de repente caía numa gargalhada irresistível, a partir de uma mescla de humor e ternura. Chaplin nem precisava de palavras para despertar o riso e o carinho da platéia.
Humor e ternura... Pois é justamente com esses dois ingredientes que
Luis Fernando Verissimo trabalha neste livro. Só que seu meio de expressão são justamente as palavras, e ele as emprega com sabedoria de mestre.
Todos os contos aqui reunidos fazem parte da edição e seleção
C
original de Maria da Glória Bordini. São evocações da infância, sobretudo do ambiente escolar. Não se deixe enganar pelo título, O Santinho aqui não é de céu nem de altar, é quase um apelido gozador. Tem a ver com uma expressão popular brasileira, que fala em “santinho do pau oco”. Para explicar este termo, é preciso contar sua história. Na época colonial, quando o Brasil ainda estava sob o domínio de Portugal, houve um momento em que minas de ouro, diamantes e outras pedras preciosas tinham sido descobertas em Minas Gerais. Muita riqueza. Mas a Coroa portuguesa cobrava impostos altíssimos e controlava todo o transporte de mercadorias para não haver contrabando. A fim de enganar os fiscais, as pessoas tentavam todo tipo de esperteza. Uma

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