louvre
O Classicismo Seiscentista Visto sob o Prisma do Neoclassicismo e do Modernismo
PEDRO PAULO PALAZZO DE ALMEIDA1
1.
Introdução
No sempre crescente acervo bibliográfico concernente ao processo de projeto e
construção do Louvre de Luís XIV, tem destaque especial um ciclo fértil de produção historiográfica que vai de 1924 até 1964. Nesse período, a caracterização do classicismo francês tende a perder o caráter operativo determinado pela estética normativa do século
XIX para converter-se em procedimento propriamente historiográfico. Busca-se então uma definição trans-histórica da cultura francesa por meio de suas manifestações arquitetônicas, vistas como sintomáticas de características culturais e raciais mais amplas, ao mesmo tempo em que se produzem estudos mais precisos sobre questões de atribuição. O fulcro da discussão sobre o Louvre de Luís XIV tem sido, desde o século XIX, a oposição entre os projetos realizados por Bernini (Figura 1) e a fachada definitiva projetada por uma comissão de profissionais franceses, incluindo Claude Perrault o arquiteto real Louis Le Vau (Figura 2). A transição da estética normativa do século XIX para o nacionalismo cultural do século XX sinaliza o desvio das atenções dos projetos específicos para os contextos culturais mais amplos que eles supostamente representam.
Nessa nova arena, evidenciada no caso do Louvre a partir da década de 1920, os embates se travam entre idéias, preconceitos e generalizações teóricas, até serem ofuscados na década de 1960 por preocupações arqueológicas.
Exploramos aqui as interações entre a pesquisa historiográfica e os interesses estéticos e culturais em jogo em meados do século XX, os quais se rebatem na leitura dos monumentos arquitetônicos do passado. Um dos principais aspectos desse contexto é a percepção dos períodos históricos, em particular das fases clássica e neoclássica da
1 Professor