Lixo extraordinário

Filmado ao longo de dois anos, Lixo Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico conceituado no exterior Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo de os retratar, escolhe os modelos e tira suas fotos. Mudanças reais aconteceram na vida das pessoas que se envolveram no projeto, como uma das mulheres que largou o marido porque se deu conta de que era muito pra ele – o marido maltratava e explorava a mulher, o documentário também mostra o quanto é perdido nos lixos e como as pessoas desperdiçam suas coisas.. É um trabalho organizado por eles mesmos e muito bem administrado. O pior de tudo é o de as pessoas jogarem livros no lixo. O trabalho com essas pessoas mostra a dignidade e a aflição que enfrentam quando sugeridos a reimaginar suas vidas fora daquele ambiente. A equipe tem acesso a todo o processo e, no final, revela o poder que a arte revela. Mostra que depois de realizada as fotografias, obteve-se um poder transformador na vida deles, e os fizeram pensar diferente e ver que no final de tudo: tudo é arte. E deixam recados a todos que reclamam de ‘barriga cheia’: a vida é bela, basta querer. Devemos lutar contra as injustiças feitas por conta de histórias mal contadas. Isso pode levar muito tempo, pois estas estão enraizadas na cultura brasileira. Porém, cada um fazendo a sua parte, pensando e discutindo sobre o assunto já será um início, e se há um início um dia terá um fim. Tal envolvimento se da pela utilização de dolorosos relatos reais daqueles que sofrem de forma direta com aquilo que todos nós causamos, mesmo que de forma indireta que é a produção e descarte inconsciente de lixo. Passando a idéia de que todos podem vir a se tornar vítima dessa realidade. Tudo isso propicia aos espectadores do documentário a possibilidade de refletir sobre a diferente realidade do