Literatura cubana
Transcorrido, já, pouco mais de meio século desde o triunfo da Revolução Cubana e, se durante suas primeiras décadas - por falta de uma perspectiva adequada, por pleno desconhecimento ou pela não descartável má-fé de seus detratores -, a existência de uma nova literatura surgida com ela foi um tema frequentemente sujeito a discussão em meios literários e artísticos, na atualidade, essa existência não só se encontra fora de dúvida, como, afincadas em sua melhor tradição e com suas especificidades, nossas letras ocupam um lugar de inquestionável significação entre as ibero-americanas.
Para uma compreensão plena do processo literário no período analisado, é preciso, claro, não se ater exclusivamente a fatores literários, mas, ao menos de modo conciso, deter-se naqueles de índole extraliterária que desde seus primeiros anos incidiram no processo e contribuíram para caracterizá-lo. Em primeiro lugar, deve-se destacar que, apesar de nossa literatura ter contado com escritores de significação continental e universal - como José Martí (a mais alta entre elas), José María Heredia, Gertrudis Gómez de Avellaneda, Julián del Casal, Nicolás Guillén, Alejo Carpentier, José Lezama Lima, Dulce María Loynaz, Juan Marinello, Virgilio Piñera, entre outros -, a extraordinária obra deles foi produzida a despeito das condições materiais e espirituais que em nada favoreciam seus criadores. Esses, estoicamente, escreveram para um leitor nacional na prática inexistente. Daí que, como foi reconhecido de maneira unânime, a primeira grande conquista cultural e, portanto, literária do processo revolucionário tenha sido a criação de um público leitor, basicamente por meio da campanha de alfabetização concluída de forma exitosa numa data tão próxima à Revolução, como foi o ano de 1961. Essa campanha estabeleceu as bases para que o povo, que, segundo cálculos conservadores, contava com 25% de analfabetos no momento em que triunfa a Revolução, pudesse tanto apreciar como criar obras