Laranja Mecânica e a Criminologia

O filme “Laranja Mecânica (Clockwork Orange)”, 1971, de Stanley Kubrick, trata essencialmente da vida e prisão de um jovem, Alex DeLarge, que apresenta um comportamento reincidentemente violento e pratica com sua gangue diversos crimes como estupro e assassinato. É objetivo dessa análise relacionar o comportamento dos personagens do filme e suas concepções quanto ao crime, à pena e a outros conceitos criminológicos com a criminologia positivista, o modelo da defesa social (Escola Eclética) e o modelo da defesa social “humanista”.
Alex, que já cometera outros crimes (agressão física, estupro, etc.) no filme, é preso após invadir um spa e, na tentativa de estuprar a dona do local, acabar matando-a. Ele é enviado para a prisão, onde um assistente social que já o acompanhava se nega a defendê-lo em mais um caso. Sua sentença é estabelecida em 14 anos. Alex cumpre os dois primeiros anos de sua pena sem cometer nenhuma falta grave contra o regulamento da prisão e, também por ser bem relacionado com o padre do local, é escolhido para integrar o “Programa Ludwig”, que para ele simbolizaria um jeito de deixar o cárcere rapidamente.
Segundo o filme, Alex seria o criminoso tipo de Garófalo: determinado psicologicamente, ou seja, de patologia relacionada a um problema moral (de escolha entre certo e errado), isto demonstrado na cena, dentre outras, em que ele se imagina flagelando Jesus ao ler o “Big Book” (Bíblia). Há também associação ao padrão de criminoso lombrosiano, com os “sinais” inerentes a criminalidade patológica: sadismo e zombaria. Em suma, ele é entendido como criminoso nato, doente. Haja vista essa concepção do criminoso, os agentes estatais, no filme, com um discurso baseado no fundamento penal da periculosidade (característica compartilhada pelas escolas em questão), na prevenção especial positiva como fim da pena e no positivismo científico, buscam uma cobaia para testar seu novo tratamento de erradicação do “instinto criminoso” (conceito relacionado à