kuhn e Popper: analise comparativa

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS
EPISTEMOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
BRUNO RIBEIRO SALDANHA

THOMAS KUHN E KARL POPPER: ANÁLISE COMPARATIVA

Ao pensar em uma análise comparativa entre Popper e Kuhn, primeiramente, acredito ser importante salientar que ambos buscaram uma nova epistemologia, por terem percebido uma insuficiência em tudo o que já estava posto. De maneira mais geral, os dois autores pensam o processo através do empirismo. Mas aí se iniciam as divergências, pois se abre um leque de formas de pensar o empirismo.
Pensando no ponto central em Popper, o princípio de refutabilidade, já é possível perceber a diferença entre o seu pensamento e o de Kuhn. Se o critério da ciência é a refutação da própria teoria, isso significa que a teoria precede ao processo empírico, ou seja, ignora os fatos já objetivados. A refutação, para Popper, é o que torna a ciência legítima, pois esta abre espaço para ser refutada, ao contrário da não-ciência, que busca cercear a possibilidade de mostrar a insuficiência de tal teoria. Para Kuhn, essa falseabilidade rejeitaria todas as teorias, a não ser que fossem criados níveis de falseabilidade, mas do contrário, seriam necessários critérios que dificultassem a refutabilidade. Em resumo, creio, só se cria uma nova teoria, com o intuito de adaptá-la e não de refutá-la, se não a lógica não existe, e é melhor rejeitar todas as teorias.
Neste sentido, Kuhn prioriza os fatores externos, ou seja, a ciência vem depois da observação. A ciência se completa com os fatos. Não há lógica pensar uma teoria que não tenha se dado a partir de uma anomalia – termo o qual Kuhn utiliza para designar o fato de um paradigma não mais corresponde às expectativas –. Sendo assim, a sociedade é quem pauta a ciência e não a ciência deve ser “jogada” para a sociedade, a fim de ser posta em teste, como imaginara Popper. Outro ponto rejeitado por Kuhn a respeito do pensamento de Popper é a forma como é legitimada a nova teoria: enquanto