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551 palavras 3 páginas
A vida de Sócrates, e sua morte, estão marcadas por uma relação muito próxima com o phármakon, traduzido como veneno. No Fédon, depois de conversar com seus amigos, Sócrates bebe o phármakon que, cumprindo a condenação, leva seu corpo à morte, mas – ele quer convencer seus amigos – também sua alma a uma nova vida. Não há razões para se entristecer, insiste: a morte é a forma de uma nova vida, mais livre, pura, profunda.
No Teeteto, Sócrates diz ter a mesma arte da sua mãe, a parteira Fenareta, e também afirma que as parteiras, por meio de drogas e poções, são capazes de provocar ou aliviar dores de parto, parir ou abortar partos difíceis. As parteiras são mulheres que pariram – não poderiam ajudar a realizar algo que nunca experimentaram tornaram-se estéreis. O mesmo vale, diz Sócrates, para a sua arte de dar à luz: ele mesmo já é estéril, com a diferença de que faz os homens e não as mulheres dar à luz, examinando as almas, mas não os corpos que engendram conhecimentos. O mais importante da arte de Sócrates é sua capacidade, potência, para ser, de qualquer forma, uma pedra de toque.
Encontramos, desde o início de Fedro, Sócrates e, com ele, um enigma infinito, o da Filosofia, ou melhor, o de qualquer professor de Filosofia, de todo educador filosofante. O enigma se mostra também sob a forma de uma ausência: encontramos Sócrates e não encontramos Platão. Platão escreve, mas não se escreve. A ausência não é ocasional: Platão só se menciona umas poucas vezes, na Apologia, para contar-se como um dos que contribuiria a pagar uma eventual multa a favor de Sócrates, e no Fédon, para dizer que estava doente e, portanto, ausente, na despedida do mestre. Essa ausência marcou decisivamente a Filosofia. O mestre, o primeiro a inscrever a Filosofia como exercício da palavra com outros na pólis, não escreve. Um discípulo o escreve se escondendo, por escrito, na máscara do mestre.
Na condenação à escrita Sócrates se volta contra Lísias em diversos sentidos: na forma; afirma

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