Justificativa de projeto

“O palhaço é a essência do ser humano que se permite, com a concordância da plateia, ser o que esta não pode (não quer, não deve) ser, através do fracasso. É o elemento catártico com permissão de se expor ao mesmo tempo em que expõe a humanidade e o seu ridículo. É como um amigo íntimo ou parente que pode dizer as verdades sobre o outro mesmo que o incomode ou machuque e ainda assim fazendo-o rir de si próprio.
O cotidiano humano está repleto de situações risíveis, seja pelo seu caráter inusitado ou pelo descontrole dos movimentos, como, por exemplo, num tropeção ou queda, ou dos sentimentos, como num susto, ou ainda pelo grotesco ou pelo singelo. Todas essas situações podem ser analisadas de pontos de vistas diferentes. O risível, em sua maioria só é risível para quem está fora do contexto da situação risível, o que para a cena é o ponto de vista da plateia. Ao levarmos situações cotidianas, que por vezes passam despercebidas por estarem contextualizadas ou por estarmos voltados para o nosso universo sem contato com o externo, criamos um distanciamento que permite que a plateia possa ter o ponto de vista dessa situação e com isso rir, se identificar, rir novamente e então analisar e criticar aquela situação.
A academia a princípio é um lugar de cuidado com a saúde e com o corpo. Mas também é um lugar de socialização, de exibição, de sensualidade e competição, tornando-se assim um excelente microuniverso representante da nossa sociedade. Os temas como o cuidado excessivo com o corpo, a vaidade exacerbada, a preocupação com o olhar do outro, o individualismo, a dependência da tecnologia, que estão presentes dentro do universo da pesquisa, são facilmente percebidos com recorrência fora dele e com isso de fácil identificação da plateia.
As Lonas Culturais e os Equipamentos da Prefeitura são espaços democráticos de grande circulação do público de baixa renda, permitindo que o projeto Clowntidiano – Academia possa ser assistido por essa parcela da sociedade.”