jorge

= Situação filosófica: experiência vivida por um médico paulista enquanto trabalhava entre os índios xavantes, no estado do Mato Grosso, em um diálogo com um amigo indígena chamado Rupawe, na qual este, ao ser interpelado, afirma ser feliz, embora logo em seguida não saiba dizer o que seja a felicidade.

= Comecemos analisando a situação, o que nos ajudará a percorrer os distintos passos de umaexperiência filosófica:

> De onde era o médico? R: De São Paulo.

> Ele se encontrava em seu meio cultural e social de todos os dias? R: Não; trabalhava em outro espaço físico-geográfico; convivendo com um grupo humano cuja cultura era distinta da sua; desenvolvendo atividades as quais não poderia realizar em uma metrópole.

> Essa experiência fez com que refletisse sobre sua vida e a de Rupawe? R: O diálogo faz crer que sim, que ele começou a pensar sobre as diferenças entre sua vida e a do indígena.

> Qual a principal questão filosófica expressa na situação? R: A questão que envolve o conceito de felicidade.

> A narrativa apresenta alguma resposta à questão? R: Não, ao menos não de forma explícita.

= Esta análise teve como propósito destacar dois processos básicos da experiência filosófica: oestranhamento e o questionamento.

> O primeiro passo trata-se do estranhamento, isto é, uma quebra ou interrupção no fluir normal das coisas.

> O segundo passo seria o questionamento, ou seja, quando se inicia uma processo de indagações sobre a situação “estranhada”.

= Falta-nos, porém, o terceiro passo para que a experiência filosófica esteja completa, qual seja, a resposta filosófica, que deve ser clara, coerente, elucidativa e de caráter universal.

= Este passo não foi dado na situação, ao contrário, a resposta de Rupawe provoca comicidade devido à sua aparente contradição ao se declarar feliz e, ao mesmo tempo, não saber o que é a felicidade.

> Dizemos aparente contradição, pois ela é discutível, porquanto muitas vezes tenhamos um conhecimento