Interpretação
De acordo com Mikhail Baktin, “A língua não é o reflexo das hesitações subjetivo-psicológicas, mas das relações sociais estáveis dos falantes. Conforme a língua, conforme a época ou os grupos sociais, conforme o contexto apresente tal ou qual objetivo específico, vê-se dominar ora uma forma ora outra, ora uma variante ora outra.” (1988, p 147). Para este pensador, a língua e seus falantes estão inseridos em contextos sociais mais amplos, marcados por relações ideológicas e históricas. Neste sentido, um texto sempre será um produto das relações sociais e históricas e a leitura também será marcada por estes fatores.
Para uma visão limitada sobre o ato de ler, a leitura consiste na decifração e apreensão mecânica dos sentidos das palavras – fato que resultará em alguém apenas decorar os termos sem a sua devida interpretação.
Novas visões sobre a leitura têm apontado a importância da relação entre autor, texto e leitor, demonstrando a influência do pensamento de Paulo Freire. Ingedore Koch e Vanda Maria Elias (2006), por exemplo, enfatizam a concepção interacional (dialógica) da língua, na qual “os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente – se constroem e são construídos no texto, considerado o próprio lugar da interação e da constituição dos interlocutores” (2006, pg. 10). Em virtude disso, o sentido - o processo de recepção – de um dado texto sempre será construído a partir da interação entre texto e sujeitos, entre o texto e o seu leitor, ressaltam as autoras. Portanto, a leitura é um fenômeno que resulta de um processo interativo com grande complexidade de produção de sentidos. Articulando aqui o pensamento de Baktin, podemos afirmar que a leitura é também um processo marcado por complexas relações ideológicas.
Duas conclusões de Koch e Elias sobre a leitura são relevantes:
• “A leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do leitor;
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