INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Que venha a turma dos bancos do fundo
Os feitos de antigos primeiros da classe recomendam que se entregue o poder aos maus alunos
Albert Einstein foi aluno sofrível. Incomodava-o a rígida disciplina da escola alemã de fins do século XIX. Aos
15 anos, com más notas em história, geografia e línguas, abandonou a escola de Munique em que estudava. Foi retomar os estudos tempos depois, na Suíça. Charles Darwin apresentava tão medíocre rendimento escolar que o pai lhe lançou um anátema, quando tinha 16 anos: "Você será uma desgraça para sua família e para si mesmo". Na faculdade de medicina, aonde chegou aos tropeções, era tomado por tédio mortal, nas aulas teóricas, e tinha enjôo ao assistir à dissecação de cadáveres. E o poeta Carlos Drummond de Andrade? Este foi expulso da escola dos jesuítas em Nova Friburgo (RJ) por "insubordinação mental". Por insistência da família acabou fazendo uma faculdade. Formou-se em farmácia.
Ser mau aluno não prenuncia necessariamente, como se vê, um futuro medíocre. Inversamente, ser bom aluno não quer dizer que a pessoa está fadada a um futuro brilhante, nem que seja especialmente dotada, nem mesmo que seja a mais inteligente da turma. Pode querer dizer apenas que é a mais conformada. Ou mais reprimida. Ou mais enquadrada. No entanto, existe uma corporação que ainda dá alto valor ao bom aluno. Ou melhor: bom aluno é pouco. Ao melhor. O primeiro. Existe uma corporação em que o primeiro da classe, ou primeiro da turma, é cultuado como santo no altar. Essa corporação são as Forças Armadas.
É o que se aprende, ou que se recorda, para quem já sabia, ao ler a edição de VEJA da semana passada.
A revista tem bom número de páginas dedicadas a militares. Começa com uma entrevista, nas páginas amarelas, do brigadeiro Walter Bräuer, demitido recentemente do comando da Força Aérea, continua com as inéditas conversas do presidente João Figueiredo, recentemente