Interesses e conflitos no planejamento regional

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Quais as possibilidades de planejamento e “desenvolvimento local” para a região onde se insere o Complexo Logístico Portuário e Industrial do Porto do Açu? À luz de Carlos Vainer, Francisco de Oliveira e Ana Clara Ribeiro, busca-se analisar aqui essa questão, enfatizando três aspectos: a capacidade que um empreendimento deste porte possui de fragmentar o espaço onde se instala; a necessidade de se pensar um planejamento multiescalar; e a indispensabilidade de um planejamento democrático, que vise à justiça urbana e contemple a cidadania.
O Complexo Logístico do Porto do Açu trata-se do que Vainer denomina de Grandes Projetos de Investimento (GPIs). Traçando o histórico dos mesmos no Brasil, desde o período de exceção (Ditadura Militar) até o século XXI, Vainer aponta o grande poder fragmentador destes empreendimentos sobre o território nacional e sinaliza um agravante: se antes os GPIs eram encabeçados por grandes estatais, hoje são empresas privadas que detêm, através dos mesmos, “[…] um grande potencial de organização e transformação do espaço, um grande potencial para decompor e recompor regiões” (VAINER, 2010, p. 112).
Esta é a realidade do Porto do Açu, onde os empreendimentos já confirmados encontram-se no âmbito de atuação de empresas privadas, algumas delas estrangeiras, configurando o empreendimento como um vetor fragmentador e “desnacionalizante” (VAINER, 2010, p. 112) do território, que, por sua própria natureza (importação/exportação portuárias), insere São João da Barra, uma cidade de apenas 35 mil habitantes (CRUZ, 2011, slide 12), de tempo lento, num mercado globalizado, de tempo acelerado (OLIVEIRA, 2010, p. 14).
Sendo o Porto do Açu, enquanto GPI, um empreendimento com características de enclave, cujo impacto direto tende a ser espacialmente restrito e dependente do capitalismo global, o poder político local reduz-se. Dada esta condição, agudiza-se a necessidade de pensar o planejamento local de forma integrada ao nacional; um planejamento que

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