Hugo chaves
Che Guevara foi transformado em ícone global e as balaclavas do Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN) do Estado de Chiapas, no México, já mostravam que o pop também está a serviço das revoluções contemporâneas.
Na Venezuela, ninguém como o chamado líder da autoproclamada revolução bolivariana se adequou tão bem a essa finalidade quanto Hugo Chávez.
É um status que nem sequer o seu herdeiro político, Nicolás Maduro, almeja.
Circulando de microfone nas mãos pelas salas de um centro médico que o governo inaugurou na cidade de Maracay, em cadeia nacional de televisão, o corpulento Maduro demonstrava nesta semana pouca familiaridade com as formas de comunicação tão bem utilizadas por Chávez.
Maduro foi o meio, mas Chávez foi o ícone que dominou a campanha eleitoral e ainda ofusca o protagonismo do seu sucessor, autodefinido como "o primeiro presidente chavista da Venezuela".
Perda de um ícone
É uma mudança que afeta o trabalho de um grupo de jovens de uma oficina gráfica localizada no labirinto de concreto do complexo de edifícios do Parque Central, em Caracas.
Enquanto alguns mantêm os olhares fixos nas telas de computador, uma das paredes está totalmente tomada pela imagem de um Chávez "rapper", de camiseta, boné e corrente de ouro.
Em cartazes, grafites e arte de rua, desta e de outras cooperativas de artistas, o ex-presidente é retratado como rapper, jogador de basquete, praticante de ioga, lutador de boxe.
Estas referências diretas ao cotidiano dos bairros pobres das cidades venezuelanas buscam traduzir o bordão chavista, "Juntos, somos Chávez".
"Você olha para Chávez empinando uma moto, cantando rap, fazendo pose de hip-hop, e isso não gera ruído", diz um dos jovens artistas que fazem parte da cooperativa.
"Há pessoas que apoiam Chávez por razões diversas. Ele é um símbolo de todas essas lutas, que vai se carregando de significado por suas