Hora do conto

A Aventura

- Menino! Corre até a padaria para comprar um pacote de sal. E vê se não demora... tá quase na hora do almoço. A mãe nem precisa falar duas vezes (pra certas coisas, o ouvido do filho é danado de bom). Num instantinho, Gustavo está na porta da rua, medindo com os olhos o tamanho da aventura: a padaria fica no final da quadra. De casa até lá, o menino adivinha quanta coisa pode acontecer... A calçada quadriculada é uma tentação. Gustavo tem de concentrar toda sua atenção para pisar nas pedras brancas. Se encostar um só dedinho nas pedras vermelhas, chamas gigantes certamente vão queimar seus pés. Mais perigo pela frente. Passo a passo, os bracinhos bem abertos, o menino vai se equilibrando pelo meio-fio. Qualquer descuido e ele podem cair naquele rio escuro e agitado (fio de água barrenta que a chuva deixou ao longo da rua). Com a respiração suspensa, Gustavo espia, lá embaixo, pronto para devorá-lo, os monstros verdes que moram no rio (são as pequenas folhas que a enxurrada leva). Uma fileira de formiguinhas distrai o menino. Para onde será que elas vão tão apressadas? Será que sabem nadar? Com uma caixa de fósforos rasgada, Gustavo improvisa um barco. Lá vão as formiguinhas, navegando enxurrada abaixo... Nossa! Olha ali uma lesma esticando a cabeça para fora da casinha... Devagarzinho, devagarzinho, o menino encosta a ponta do dedo na antena da lesma. Só para ver o bichinho se encolher de medo, mole que nem gelatina... No meio da quadra está à casa da dona Dilma. Gustavo acha uma lindeza aquela grade enorme, pintada de branco. Com uma latinha amassada vai batendo de uma ponta a outra da grade: TLIM! TLIM! TLIM! Depois repete a brincadeira com um pedaço de pau: TÓIM!TÓIM! TÓIM! Mais adiante, o chão é de terra batida. Não é que, com o pedaço de pau, dá pra desenhar um belo coração? Não, uma estrela, ou melhor, um mapa do tesouro! Três passos para frente, dois para a esquerda, cinco para trás. Gustavo esbarra num pé