Horácio quiroga
LETRAS – PORTUGUÊS E LITERATURA DA
LÍNGUA PORTUGUESA
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CRÍTICA
O TRAVESSEIRO DE PENAS – Horacio Quiroga
Patrícia R. K. Amaral
CANOAS
2012/02
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CONTO “O TRAVESSEIRO DE PENAS” - Horácio Quiroga
Patricia Amaral
“Sem dúvida ela teria desejado menos severidade nesse rígido céu de amor, mais expansiva e incauta ternura. Mas a impassível expressão do seu marido a reprimia sempre.”
Alicia, uma jovem, loura, angelical, idealizava seu casamento como um conto de fadas, viu seus sonhos desmoronarem diante da frieza e temperamento duro de seu marido mudo – Jordão.
Neste conto, Horácio Quiroga nos introduz passo a passo em um ambiente de estranhamento, medo e terror. Estranhamento, pois mesmo que Alicia ame seu marido, e este amor seja correspondido, ainda assim, se sente solitária devido ao fato de Jordão não conseguir demonstrá-lo por sua postura rígida:
“Ela o amava muito, no entanto, às vezes, sentia um ligeiro estremecimento quando, voltando à noite juntos pela rua, olhava furtivamente para a alta estatura de Jordão, mudo havia mais de uma hora. Ele, por sua vez, a amava profundamente, sem demonstrá-lo.”
Assim tem início nossa angústia enquanto “expectadores”, conduzidos por um narrador que nos coloca cúmplices dele na posição de meros observadores, acompanhando e compartilhando o medo de Alicia ao encontrar-se fragilizada, doente e piorando a cada dia sem motivo aparente, apesar de todos os esforços médicos e zelo do, então, preocupado e dedicado marido. Voltando um pouco na trama para tentar encontrar a causa de súbita doença, notamos que a primeira impressão, ao vigiar os estremecimentos de Alicia diante do marido, da casa, que por si própria reflete exatamente as características do marido: silenciosa, branca, fria... hostil, - “A casa em que viviam influenciava um pouco nos seus