História do livro
O papel era conhecido e utilizado um pouco por toda a parte na Europa Ocidental, em meados do século XIV; no final deste século, tinha-se tornado mercadoria corrente. Ofereciam-se, assim, novas possibilidades. Não tanto devido ao preço do custo do papel, mas porque era possível fabricar o novo material em grandes quantidades e porque oferecia uma superfície perfeitamente lisa. Tudo isto fazia dele um suporte ideal para realizar uma vasta difusão das imagens e dos textos.
No século XV, de há muito se conhecia o meio de reproduzir industrialmente uma figura. Sabia-se ornamentar as encadernações com figuras e legendas obtidas mediante pressão, sobre couro, de uma placa de metal gravada em côncavo. Para estampar rapidamente no velino ou no pergaminho dos manuscritos as grandes iniciais ornamentadas que deviam ocupar o espaço em branco reservado pelo copista no princípio dos capítulos e dos parágrafos, recorria-se, por vezes, a gravuras em relevo talhadas em madeira ou em metal.
O papel prestava-se para receber, a negro ou a cores, a impressão de relevos talhados em madeira ou em metal, que reproduzia ainda com mais precisão e nitidez do que o tecido. Por isso, não é de admirar que algumas das primeiras realizações xilográficas que se conhecem pareçam ter sido tiragens em papel de marcas destinadas à impressão em tecidos, e que estas primeiras xilografias só apareçam pouco depois da vulgarização do uso do papel na Europa, alguns 70 anos antes do livro impresso, abrindo-lhe caminho e, de algum modo, anunciando-o.
As primeiras xilografias que se conhecem parecem remontar ao último quartel do século XIV; a partir dos primeiros anos do século seguinte e talvez mesmo antes, são objecto de uma indústria activa na região renana e nos Estados franco-flamengos dos duques de Borgonha. Este novo processo, que permitia multiplicar as imagens religiosas num grande número de exemplares por meio de um material muito simples