historias
Primeiro aparece uma coisa branca. Do tipo ofuscante.
E muito provável que alguns de vocês achem que o branco não é realmente uma cor, e todo esse tipo batido de absurdo. Bem, estou aqui para lhes dizer que é. O branco é sem dúvida uma cor e, pessoalmente, acho que você não vai querer discutir comigo.
• UM ANÚNCIO TRANQÜILIZADOR •
Por favor, mantenha a calma, apesar da ameaça anterior.
Sou só garganta...
Não sou violenta.
Não sou maldosa.
Sou um resultado.
Sim, era branco.
Era como se o globo inteiro estivesse vestido de neve. Como se houvesse enfiado aquilo, do jeito que se enfia um suéter. Junto à linha de trem, as pegadas afundavam até as canelas. As árvores usavam cobertores de gelo.
Não podiam simplesmente deixá-lo ali no chão. De momento, não era um problema tão grande, mas, logo, logo, a linha seria desobstruída mais adiante e o trem precisaria seguir viagem.
Havia dois guardas.
Havia uma mãe com sua filha.
Um cadáver.
A mãe, a menina e o cadáver continuaram obstinados e calados.
— Bem, o que mais você quer que eu faça? Os guardas eram um alto e um baixo. O alto sempre falava primeiro, embora não fosse o responsável. Olhava para o menor, mais rechonchudo. O do rosto vermelho e suculento.
— Bem — foi a resposta — não podemos só deixá-los assim, não é?
O alto estava perdendo a paciência. — Por que não?
E o baixote por pouco não explodiu. Ergueu os olhos para o queixo do altão e gritou:
— Spinnst du?! Você está variando? — A aversão em suas bochechas adensava-se a cada momento. Sua pele foi-se alargando. — Vamos — disse, tropeçando na neve. — Levaremos todos os três de volta, se for preciso. Faremos a notificação na próxima parada.
Quanto a mim, eu já havia cometido o mais elementar dos erros. Não consigo lhe explicar a intensidade de minha decepção comigo mesma.
Originalmente, eu tinha feito tudo certo:
Estudei o céu ofuscante, branco feito neve, que estava na janela do trem em movimento.