historia e cinema
STORIA E CINEMA: um debate metodológico*
Mônica Almeida Kornis
poderia ser uma companhia para esses
1. Introdução ão é possível ignorar o impacto cau sado pela criação e difusão do cine
tados de comércio, dcc\amções lniniste
na sociedade do século XX. Como
ram e que hoje todos vão ao cinema, Ferro
ma e outros meios de comurucação de massa grandes personagens que constituem a So ciedade do historiador: a rtigos de leis, Ira riais, ordens
operacionais,
discursosu•
Lembrando que várias décadas se passa
objeto industrial, essencialmente, reprodu
alerta porem para a desconfiança que ainda
volucionou o sistema da arte, da produção
que realidade o cinema é verdadeiramente
zível e destinado às massas, o cinema re
pairava no início da década de
1970: "de
à difusão. Entre as mudanças ocorridas na
a imagem?,,2
culo, o historiador inglês Eric Hobsbawn inclui o surgimento das artes de massa em
historiador que quer trabalhar com a ima
cinema, que iria influir decisivamente na
te? ela é a expressão da realidade ou é uma
sociedade nas primeiras décadas deste sé
detrimento das artes de elite, e destaca o
A questão central que se coloca para o
gem cinematográfica diz respeito exata
mente a este ponto: o que a imagem refle
"maneira como as pessoas percebem e es
representação? qual o grau possível de ma
O historiador francês Mare Ferro adver te contudo para o desprezo das pessoas cultivadas do início do século pelo "cine mat6grafo". O filme era considerado "co mo uma espécie de atração de feira", de cujas imagens não se reconhecia nem mes mo o autor. Segundo ele, "a imagem não
guntas já nos são úteis para indicar a parti
truturam o mundo""
rupulação da imagem? Por ora, essas per cularidade e a complexidade desse objeto,
que hoje começam a ser reconhecidas.
De maneira geral, os documentos vi
suais são utilizados de forma marginal e