Histeria

4518 palavras 19 páginas
Recalque e foraclusão

Costumamos dizer que Freud começou pela histeria e Lacan pela paranóia, porque aquele começou com “Anna O” e este com “Aimée”.
Trago isso não por uma razão factual, mas conceitual.
Trabalhando os casos de histeria, Freud esteve, de preferência, elaborando o conceito de recalque, às vezes, no sentido amplo do termo, no sentido de defesa e, outras vezes, no sentido restrito, ou seja, como uma defesa específica do sujeito histérico.
Isso significa que paradoxalmente Freud elaborava a noção de que um significante representa um sujeito para um outro significante, isto é, elaborava a noção de sujeito barrado.
Por outro lado, Lacan, elaborava o conceito de paranóia. Do ponto de vista conceitual, paranóia equivale à psicose, quer dizer, equivale a uma condição da qual não se pode dizer que há sujeito barrado.
Na paranóia, não se pode dizer que um significante representa um sujeito para um outro significante. Na paranóia só se pode escrever S1S2 juntos, em holófrase.
Na paranóia não se pode escrever esse intervalo que geralmente representamos por essa flecha S1  S2. Quando há esse intervalo, há um efeito de articulação de um significante a um outro significante, efeito chamado de sujeito dividido.
Freud elaborava, através da histeria, o sentido conceitual de recalque, o que se pode chamar de alicerce da doutrina freudiana do sintoma.
Lacan elaborava, através da paranóia, o sentido conceitual de foraclusão, o que se pode chamar de alicerce da doutrina lacaniana do sintoma.
Retomo esses léxicos, recalque e foraclusão, para mostrar que em Lacan há uma inversão de perspectiva. Considerar que o alicerce do sintoma é o recalque é uma perspectiva, e considerar que o alicerce do sintoma é a foraclusão, é uma perspectiva inversa.
Os antecedentes dessa inversão de perspectiva estão no “caso Schreber”, um caso de paranoia do ponto de vista conceitual, porém de esquizofrenia, de demência paranóide, do ponto de vista clínico.
Freud pensava que

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