Hist Ria Econ Mica Resenha Part 2

Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

História Econômica, Geral e do Brasil
Prof. Dr. Sean Purdy

Resenha Crítica
Vitória Camacho de Marche [8609160]
CARLO GINZBURG. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

1. Introdução e resumo O livro narra a história de vida de um moleiro, Domenico Scandella, conhecido por Menocchio que nasceu em 1532 (século XVI, período do Renascimento1), na aldeia de Montereale. Era casado e tinha sete filhos. Em 1581, havia sido podestá (magistrado) de sua aldeia e dos vilarejos ao redor (Gaio, Grizzo, San Leonardo, San Martino) e ainda, cameraro (administrador da Paróquia de Montereale). Portanto, Menocchio, era um homem que diferentemente de seus contemporâneos, “sabia ler, escrever e somar”

No ano de 1583, em 28 de setembro, Menocchio foi denunciado pelo pároco de Montereale, Dom Odorico Vorai, ao Santo Ofício2, sob acusação de ter pronunciado palavras heréticas e profanas sobre Cristo. Menocchio chegara a dizer que “não se envergonhava de pregar e dogmatizar”. Também teria dito que “blasfemar contra os santos não é pecado, mas contra Deus é”.
Menocchio não reconhecia na hierarquia eclesiástica nenhuma autoridade especial nas questões da fé: nem Papa, nem prelado, muito menos padres. Os testemunhos se acumulavam e o moleiro pressentia que algo de ruim estava por acontecer. Decidiu falar com seu amigo desde muito, o vigário de Polcenigo, Giovanni Daniele Melchiori. Este o incentivou a apresentar-se espontaneamente ao Santo Ofício, ou ao menos, não desobedecer no caso de uma eventual convocação. O vigário alertou Menocchio: “diga o que estão querendo saber, não fale demais e muito menos se meta a contar coisas; apenas responda o que for perguntado”.
Assim, obedecendo à convocação do tribunal eclesiástico, Menocchio foi a Maniago. Contudo, em quatro de fevereiro, o inquisidor, frade