HIST RIA DA DECRIA O DO BRASIL

HISTÓRIA DA DESCRIAÇÃO DO BRASIL
José Fernandes de Oliveira E foi assim que aconteceu que o gigante, deitado eternamente em berço esplêndido, acabou, de pesadelo em pesadelo em nação grande por fora e muito pequena por dentro.

No primeiro dia, que durou até os anos 30, o País era quase todo verde. As águas eram cristalinas, a agricultura era de subsistência, a indústria quase não existia, as estradas não levavam a quase nenhuma parte, mas o povo, mesmo na mais extrema pobreza, era hospitaleiro, feliz, cantava suas mágoas e alegrias, nas varandas que ainda existiam nas casas dos pobres. As casinhas tinham jardim e quintal. O brasileiro era um povo pobre meio Jeca Tatu, mas unido e feliz, a ponto de dormir de3 janelas e portas abertas.

No segundo dia, que durou cerca de quarenta anos, o verde desapareceu quase que por completo da maioria dos Estados, por ação das imobiliárias, das madeireiras, das companhias colonizadoras que plantavam cidades novas e criavam desertos. Assim o Rio Grande do Sul, o Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, boa parte de Santa Catarina e parte considerável do centro e do norte perderam seu verde que foi cortado ou sepultado em vastas águas que deveriam funcionar como geradoras de energia para as indústrias poluidoras ou até como arma estratégica de morte contra países que ousassem nos agredir.

No terceiro dia, que durou cerca de vinte anos, houve um enorme desequilíbrio ecológico com enchentes incontroláveis, secas cruéis, morte de animais raríssimos, extinção de muitas espécies, alta de preços de alimentos, manipulação das colheitas e de sua distribuição. Embora o País já se considerasse industrializado, a indústria não absorvia a crescente mão-de-obra; o povo estava mais pobre do que antes, apesar de Ter carro, morar em casas apertadíssimas já sem jardim nem quintal. As crianças não tinham mais goiabeiras ou mangueiras onde subir porque tudo havia sido cortado para colocar bois ou casas apertadíssimas no lugar.