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Gota d’água

Chico Buarque e Paulo Pontes

Gota d’água
Inspirado em concepção de
Oduvaldo Viana Filho

Círculo do Livro

CÍRCULO DO LIVRO S.A.
Caixa postal 7413
São Paulo, Brasil

Edição integral
Copyright © 1975 by Chico Buarque e Paulo Pontes
Capa: Alfredo Aquino

Licença editorial para o Círculo do Livro por cortesia da Editora Civilização Brasileira S.A.

É proibida a venda a não-sócios do Círculo

Composto pela Linoart Ltda.
Impresso e encadernado em oficinas próprias
4 6 8 10 9 7 5 3

Dedicamos esta peça à memória de Oduvaldo Viana Filho.

A esta altura do nosso trabalho, já com os ensaios bastante adiantados, seria impossível levantar o mundo de intenções que
Gota d’água contém — nossas, do Ratto, do elenco, de Dory e
Luciano. O que não nos impede de ir pro inferno — ao contrário, ajuda. Podemos,

entretanto,

esquematicamente,

esboçar

as

preocupações fundamentais que a nossa peça procura refletir. A primeira e mais importante de todas se refere a uma face da sociedade brasileira que ganhou relevo nos últimos anos: a experiência capitalista que se vem implantando aqui — radical, violentamente predatória, impiedosamente seletiva — adquiriu um trágico dinamismo. O santo que produziu o milagre é conhecido por todas as pessoas de boa fé e bom nível de informação: a brutal concentração da riqueza elevou, ao paroxismo, a capacidade de consumo de bens duráveis de uma parte da população, enquanto a maioria ficou no ora-veja. Forçar a acumulação de capital através da drenagem de renda das classes subalternas não é novidade nenhuma. Novidade é o grau, nunca ousado antes, de transferência de renda, de baixo para cima. Alguns economistas identificados com a fase anterior afirmam que a saída era previsível, mas, de tão radical, impensável, dado o grau de pauperismo em que já vivia a maioria da população. No futuro, quando se puder medir o nível de

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